What I talk about, when I talk about running

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Este pequeno livro, que me veio parar às mãos pouco antes do Natal, é de Haruki Murakami. Apesar de ser um autor da moda, não conheço a sua obra, mas quando vi este livrinho na prateleira da Fnac ele colou-se-me às mãos e tive de o trazer. Provavelmente, pertencerei aos cerca de 10% de leitores do livro que não o compraram por serem fãs de Murakami mas por serem entusiastas da corrida. Afinal, não há nenhum corredor que não tenha tentado em algum momento (e eu fi-lo), explicar a uns amigos que nos torcem o sobrolho, o motivo porque nos levantamos às 06:00 da manhã para ir correr e porque correr 10Km ao frio e à chuva em pleno Dezembro nos traz uma satisfação que nenhum chocolate quente trará.
Parte memória, parte diário de treinos, parte travel-log, What I talk about, when I talk about running é um livro fácil (sim, com tudo o negativo que isso acarreta) mas divertido. E embora qualquer pessoa possa ler este livro, julgo que são os corredores os que o mais o apreciarão, já que levanta questões que nós próprios nos colocamos quando apertamos os atacadores e saímos para a rua. Por várias vezes dei comigo a ler coisas retiradas a papel químico do meu pensamento:

"(...)that's why I've had to constantly keep my body in motion, in some cases pushing myself to the limit, in order to put things in perspective. Not so much as an intentional act, but as an instinctive reaction. Let me be more specific. When I'm criticized injustly (from my viewpoint, at least), or when someone I'm sure will understand me doesn't, I go running for a litlle longer than usual. By running longer is like I can physically exaust that portion of my discontent."

No que pensamos quando corremos, o efeito catarse da corrida, a forma como falamos com os nossos músculos para tentar convencê-los a continuar, enfim, todos aqueles disparates que nos damos conta que estamos a fazer quando não vemos a meta chegar.
Não é um livro apaixonante, e julgo que não será representativo do estilo do autor, mas escrever sobre a sua adicção à long distance running não é um tema fácil pelo intimista que é, e Murakami fá-lo com dedicação e humor. Nas últimas páginas podemos ler o que Murakami gostaria de ver escrito na sua lápide:

Haruki Murakami
1949-20**
Writer (and Runner)
At Least He Never Walked

O que me faz gostar deste livro é a frequência com que me revi nas suas linhas e mais que tudo, ter percebido o que partilhamos nós, corredores. Descobrimos a corrida e depois descobrimo-nos através da corrida.

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2 comments:

  1. Bacardi says:

    Esse deve ser dos poucos livros de Murakami que ainda não li. E... mais direi quando tirares 5 minutos para vires tomar um chá, um café ou qualquer outra coisa. LARGA O TRABALHO!!! :P

  1. Karina says:

    Quando aparecer alguém a desabafar os seus descontentamentos e no final me perguntar "Karina, o que faço?", eu respondo prontamente: "Corre! Corre como se não houvesse amanha! Não é coisa que faria, mas quem o faz, diz que é o melhor!"

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