(Escrever um post sobre) O Islamismo.

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É sempre difícil falar de religião. Mais ainda, falar de algo que não compreendemos completamente. Apesar do título, este post não é apenas um post sobre o Islão, é um post acerca da fé na sua generalidade, no que fizemos dela e sobretudo, do que ela fez de nós.
Tratei sempre com respeito as diferentes religiões. Por isso, procurei nunca ser intolerante, mas confesso, não consigo compreender a cultura do aplauso e dedicação ao ódio, em nome do amor a um Deus, que é para mais, o mesmo.

Sou mulher, e por isso não entendo o cultivo de uma fé que nos ostracisa, que nos condena e anula como indivíduo.
Sou cidadã do mundo, e por isso não percebo uma cultura que se diz frequentemente atingida pela incompreensão mundial, quando os muçulmanos podem viver, trabalhar e practicar a sua religião livremente em todo o mundo ocidental, sem que no entanto o estado Islâmico permita outras religiões no seu seio.
Sou livre, e por isso não compreendo o medo. A cultura do medo, do terror.

Há uns meses ouvi um dirigente político/religioso (é o mesmo, aparentemente), dizer que os jogos Olímpicos são um banquete de Satanás, a respeito dos fatos de banho das provas femininas de natação. Sem dúvida, caro senhor, nada faz o diabo mais feliz que os jogos Olímpicos. (A não ser claro, um desfile da Victoria's Secret.) E aproveito, desde já, para pedir perdão a Alá por todos aqueles que desviei da rectidão divina por usar bikinis pequenos na praia.
Talvez a natação devesse ser abolida dos Jogos Olímpicos e ser substítuida pelo bombing, por exemplo, que com a frequência que se practica hoje em dia no mundo inteiro, bem poderia tornar-se uma modalidade olímpica.
Tudo isto a favor dos bons costumes, pois practicar natação, comer carne de porco e trabalhar ao Domingo é mau, muito mau, mas casar com uma criança de 12 anos, explodir-se em praça pública ou matar cartoonistas de jornais é bom, muito bom.
Perdoem-me o sarcasmo. Sei que o Ocidente também é culpado, sobretudo porque nos juntámos, mesmo sem o admitir, à exploração da ignorância, que gera ainda mais ignorância e por sua vez, ainda mais violência.
É por isso que hoje falo com cautela de Deus, mesmo comigo própria. Sei apenas isto: a religião é um adquirido moral que fractura as pessoas, dizendo querer uni-las.

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5 comments:

  1. Bacardi says:

    Este é um daqueles temas em que a minha reposta facilmente ultrapassaria o tamanho do teu post. Acho que é daqueles assuntos que dá pano para mangas. E lençóis. E cortinados.

    Ora, como não quero tornar o teu blog uma coisa enfadonha de se ler, vou optar por fazer um comentário tentativamente engraçado (não tornem os ataques suicidas uma modalidade olímpica, mas sim os desfiles da Victoria's Secret) e remeter o debate à séria sobre o tema para um cházinho um dia destes ;)

  1. Babs says:

    Por mais que o tema seja polémico não nos podemos esquecer nunca que somos todos humanos. Existem pessoas por detras dessa cultura/religião que não entendem o mundo ocidental. É tudo uma questão de educação e exemplos que temos à nossa volta.
    Existe amor nas famílias islâmicas e o Islamismo não é apenas o terror.
    Da mesma forma que a igreja católica não é só o papa (aquele senhor que devia dar o exemplo mas que outrora roubou dinheiros do Vaticano mas que foi eleito na mesma para Papa e que só calça sapatos Prada).
    Como sabes não sou religiosa. :) Mas acredito nas pessoas verdadeiras. E sei que em todo o lado e em todas as religiões as existem. :)

  1. Karina says:

    O grande problema aqui é a falta de discernimento. Eu nunca li o Alcorão, mas tenho noção da sua estrutura, e daquilo que é defendido. Uma das passagens diz "Se a mulher não for obediente, o homem deve instrui-la, leva-la a uma cama separada e bater nela". Mas isto foi escrito há centenas de anos! Para a civilização ocidental isto é um absurdo, porque felizmento há (algum) discernimento. As pessoas têm de ser vistas como seres individuais, não como religiosas, mulheres ou homens. Mas a verdade é que não estou para ser tolerante a radicais que pensam que o objectivo é sermos todos fiéis a SEU deus, e que, para isso, tenham de matar e torturar todos os que forem necessários.

  1. Bacardi says:

    É tudo uma questão de ritmo de mudança. Tudo aquilo que vemos e criticamos nas sociedades islâmicas é aquilo que tínhamos há alguns anos atrás na nossa. As crenças eram diferentes, mas a força das mesmas não. O fundamentalismo e o extremismo eram exactamente os mesmos. Não nos esqueçamos que, em tempos, houve a inquisição...

    No entanto, as sociedades ocidentais mudaram e passaram a assentar na tolerância. E isso tem os seus problemas também. É sabido que não se pode agradar a gregos e troianos. É sabido que, por exemplo, a burka é vista nas sociedades ocidentais como um símbolo da submissão da mulher perante o homem. E, como tal, a França quer proibir a sua utilização. Em defesa da "liberdade" que mais não é do que um conjunto de crenças tão válidas para nós (ocidentais) como o Alcorão é para os islâmicos.

    Mais. Para muitas mulheres islâmicas, a sua condição na sociedade em que vivem é perfeitamente normal. Aceitam isso da mesma forma que as mulheres ocidentais aceitam que são iguais aos homens. Para elas, ter direitos iguais aos dos homens é-lhes tão repugnante como a nós é a ideia da mulher ser inferior ao homem.

    O que acontece é que cada vez mais a visão da igualdade chega a esses lugares do mundo. E causa divergências no seio dessas sociedades. Tivemos a oportunidade de ver isso aquando da invasão do Afeganistão (acho eu), em que algumas mulheres deixaram de utilizar burkas, outras não. Acho que, acima de tudo, devemos deixar que essas sociedades lidem com isso. Essas pessoas têm que definir e querer a sua 'liberdade', e não poderemos ser nós a impô-la, só porque não gostamos de ver mulheres de burka ou a levarem porrada dos maridos.

    Talvez um dia essas sociedades venham a mudar no mesmo sentido que as nossas mudaram. Talvez não mudem de todo. Talvez mudem num outro sentido completamente diferente.

  1. Bacardi says:

    PS: Contive-me nas ideias e palavras, e tentei resumir ao máximo tudo e mais alguma coisa. Parece-me que, mesmo assim, o comentário ficou maior do que o post original... :(

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