Undo me

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Recordo-me com intermitências do dia em que senti medo, aquele medo tímido, incerto, como quando confessamos ao espelho o medo de que o tempo nos roube um dia toda a beleza.
Talvez tenha sido esse o dia em que não soube dizer se ainda era eu, quem te perdia. E a verdade é que tanto faz. Contamos os dias como as nuvens, à sorte de uma imaginação que as faz ser.
E sempre, sempre, apenas por hoje. Amanhã a lente angulosa dos dias voltará a girar e a provar-nos que não sabemos senão do que está longe. A memória. Deus. Um qualquer fim.
Um sem fim de convicções que terão lógica própria, ou nenhuma de todo, e que são como fios invisíveis que nos amarram a uma loucura de intensidade variável.
Se escrevo é, tantas e tantas vezes, para me livrar de mim. As palavras são como o álcool, têm a vantagem de nos desfazer de nós.

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