Das saudades e outras coisas

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Quando te levei lá para casa eras como um buda peludo. Eras tão pequeno que te equivocaste e pensaste que eu era a tua mãe e seguias-me para todo lado. Tinhas ramelas nos olhos e lombrigas e chuchavas no meu pescoço. Não fazias nada que te mandassem, a menos que fosse eu a dizer. Quando eu estava doente, não arredavas pé da minha almofada, levantavas a cabeça de vez a vez para confirmar que eu ainda estava ali. A única coisa de que gostavas mais do que de mim era de fiambre, mas no hard feelings. De manhã trazias molas, esse presente exótico e colorido que roubavas da marquise e insistias em deixar na minha cama. Gostavas de água e vinhas molhar as patinhas no meu banho.
Fiquei adulta a perceber que envelhecias mais depressa, mas haviam tantos dias naquele calendário. Já lá vão uns meses e agora ignoro as saudades. É sempre assim.

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3 comments:

  1. É sempre assim, o tempo passa mais depressa do que a gente gostaria.

    E as saudades são umas filhas daquela senhora... ***

  1. Anonymous says:

    :(

  1. Babi says:

    O teu texto fez-me rir e depois chorar! Como é dificil...

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