País de Pinypon

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Somos um país pequeno.
E não falo das delimitações geográficas destas fronteiras que Afonso Henriques nos deixou como herança, mas da pobreza mental que, está visto, nos corre nas veias. Vamos-nos desculpando com o liberalismo, com o capitalismo, com globalização e a Moody's mas a verdade é que parecemos condenados ao 'nacional porreirismo', esse fado lusitano que nos condena como povo.
Somos os super-europeus da preguiça; achamos que o estado social está lá para cuidar de nós, mesmo que não paguemos os nossos impostos. Sabemos vagamente que temos deveres cívicos e cumpriríamo-los, não estivéssemos nós, invariavelmente, demasiado cansados.
Em lusas terras não existem incompetentes, existem coitadinhos. Quando alguém pretende trabalhar seriamente é porque "quer ser melhor que os outros"(ou não tivesse o 'porreirismo' também um lado perverso). O desejo de superação individual é imediatamente rotulado de defeito social e por isso também raramente se crítica e mais raramente ainda se faz melhor.
Somos um país de brandos costumes, dizem. Geralmente, demasiado brandos. Temos um país na banca rota e falamos do magalhães porque até simpatizamos com aquele senhor que diz que está tudo bem e nos oferece o seu sorriso amarelo nº43. Vemos presidentes de Câmara serem condenados em Supremo Tribunal por 20 e tantos crimes de abuso de poder e desvios de fundos públicos e mesmo assim votamos neles, porque afinal, todos gostamos muito de donas Fatinhas.
É mais fácil extraditar um criminoso como Pinochet do que Vale e Azevedo. Isto porque por cá, este senhor é apenas um alegado criminoso, que terá cometido alegados crimes, que terão por sua vez outros alegados arguidos. Somos um país relativo.
Bem sei que fomos o País dos Descobrimentos, que o Português é a 4ª língua mais falada do mundo e que levámos o chá para a Inglaterra, mas já me cansei de ouvir as epopeias do passado. Falamos delas com um paternalismo que nos infantiliza. E por isso vão ter de me perdoar a tremenda impertinência, mas não percebo como chegámos a esta tão completa falência. Tanta gente graúda a viver neste país de Pinypon.


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3 comments:

  1. Bacardi says:

    Epá estás de volta e entras logo a matar! Muito bem!!! Mas olha que há uns mais pinypons que outros. Senão olha bem para essa foto. Não te faz lembrar o Abel Xavier? Esse sim é o verdadeiro pinypon, de corpo e alma!!!

  1. Em primeiro: ai que saudades que tinha de ler os teus posts!!!!!!!!

    Segundo: VIO À PRESIDÊNCIA! Podíamos ao menos olhar para trás de forma a aprender com os erros do passado mas também de forma a ver o que fizemos de bem, ver que fomos sim importantes mas que também podemos vir a ser importantes. Infelizmente só pensam que "ai e tal, já fizemos isto, já fomos isto", e não passa da cepa torta. Estamos sempre à espera que alguém faça tudo por este país, menos nós portugueses; estamos sempre à espera que isto melhore mas que continue tudo benzinho, sem cortes, sem sacrifícios, e a ajudar meio mundo que não quer trabalhar. Porque, enquanto tivermos fado, futebol e fátima, "tá-se bem". Aqueles que querem realmente fazer algo importante são logo deitados abaixo, chamados de "idealistas", ou de "hipócritas" ou mesmo de "populistas".
    Mentes tacanhas, é o que temos.

  1. Anonymous says:

    Olá nessinha! Gosto mais do teu lado positivo e idealista. Até te posso dar razão, mas está na hora de mudar tb este discurso. Toca a arregaçar as mangas e fazer o que tem de ser feito. Tinha muitas saudades da tua escrita.

    Jocas, Luís

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